Conter o perigoso avanço de projetos privatizantes e impedir o desmonte dos poucos avanços já conquistados na área são dois dos principais objetivos do Observatório do Saneamento Básico da Bahia, lançado oficialmente no último sábado (19), no Sindae. É um órgão pioneiro no Brasil. Um bom público prestigiou o lançamento que teve a presença do reitor da Universidade Federal da Bahia Ufba), João Carlos Salles, e do diretor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (Ifba), Albertino Ferreira Júnior, dentre outros representantes de entidades.
João Carlos e Albertino saudaram a criação do Observatório salientando a importância da criação desse espaço de reflexão e mobilização, que será integrado pelas instituições que representam. Renavan Sobrinho, representante da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária (Abes – Seção Bahia), afirmou que a entidade, a mais antiga militante do saneamento no país, se junta nessa luta e que as estratégias de privatização precisam ser monitoradas pelo novo órgão.
O companheiro Pedro Romildo, escolhido coordenador político do Observatório, salientou que existem muitos desafios pela frente, pois não faltam crimes na área do saneamento ambiental, como destruição de nascentes, poluição e degradação de rios e ocupação desordenada do solo num lugar em que empreiteiras ditam as políticas do setor e onde o governo não pensa o saneamento como coisa pública.
Até por isso, segundo ela, é necessário mobilizar a sociedade para garantir participação ativa no ambiente político, reunindo as competências e conhecimentos das várias entidades. Listou várias prioridades para o início dos trabalhos do Observatório, destacando o combate à privatização, a regulamentação da Política Estadual de Saneamento Básico e fortalecimento dos planos municipais de saneamento, além da análise da prestação dos serviços em Salvador e discussão do Fórum Mundial da Água a ser realizado no Brasil em 2018.
A palestra inaugural do Observatório foi realizada pelo professor Uallace Moreira Lima, da Faculdade de Ciências Econômicas da Ufba. Ele traçou um panorama sombrio sobre o Brasil e disse que o momento econômico é muito grave, resultado de um modelo adotado desde os anos 90, o projeto neoliberal, período em que a cadeia produtiva faliu. Chamou a atenção para o intenso processo de desnacionalização da nossa indústria e destacou que o momento exige reformas estruturais e mais investimento em infraestrutura. Sobre a crise hídrica enfrentada por São Paulo, disse é resultado da privatização da empresa estadual (Sabesp). Também fez uma conclamação: “Nesse momento o papel do movimento social é muito importante”.
O lançamento do Observatório também teve a presença da professora do IFBA, Marion Dias, do diretor da Embasa, César Ramos, da Cerb, do CREA, Prefeitura de Camaçari, do vereador Gilmar Santiago, representante da deputada estadual Neuza Cadore e da Pangea, Unifacs, Maasa/Ufba, Associação Paulo Jackson, Neppa, Associação de Moradores de Luís Anselmo, Central de Seabra e ESAJr/Ufba, além de vários estudantes de engenharia sanitária.
Além da Ufba, Ifba, Abes e Sindae, integram o Observatório do Saneamento o Ministério Público Estadual, Ceas e Fabs.
Autor : FNU | Fonte : FNU