O avanço de 10,67% do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2015 foi puxado, sobretudo, pelo avanço dos alimentos e dos preços administrados. No ano passado, entre itens com maior impacto individual, destacaram-se energia elétrica e combustíveis, que, juntos, representaram 24% do índice. Em 2015, as contas de energia elétrica aumentaram, em média, 51%, e o preço dos combustíveis subiram 21,43%.
Além da energia, o IBGE cita outras despesas com habitação que pesaram no bolso do brasileiro, como o botijão de gás, com aumento médio de 22,55%, e as contas de água e esgoto, que subiram 14,75%. “Enquanto o aluguel aumentou 7,83%, o condomínio foi a 9,72% e os artigos de limpeza para 9,56%”, acrescentou.
No ano passado como um todo, o maior impacto foi exercido por Alimentação e Bebidas, de 3,00 pontos percentuais, após acumular avanço de 12,03%. Mas a maior alta aconteceu em Habitação, de 18,31%. Em dezembro, também foi o grupo Alimentação que exerceu a maior pressão, de 0,38 ponto percentual diante da alta de 1,50% no mês.
Depois de um ano de reajuste de preços administrados, aumento de impostos e déficit fiscal, a inflação ainda sofreu no final do ano os efeitos da disparada do dólar para cerca de 4 reais, mesmo com o cenário de forte recessão econômica. Esta combinação de fatores levou a inflção a ultrapassar o teto da meta do governo, de 6,50%, pela primeira vez desde 2003.
Futuro – Em um cenário de confiança muito fraca na economia, exacerbado pela crise política e ameaça de impeachment da presidente Dilma Rousseff, as expectativas de inflação não param de piorar, o que deixa o BC ainda mais sob pressão para controlar a alta dos preços.
Em seu Relatório de Inflação, o BC elevou sua expectativa de inflação em 2016 a 6,2%, passando a ver o IPCA a 4,8% em 2017. A meta central de inflação é de 4,5% pelo IPCA, mas com margem de 2 pontos percentuais em 2016 e de 1,5 ponto em 2017.
Já a pesquisa Focus do BC mostra que os economistas veem o IPCA no final de 2016 com alta de 6,87%.
A expectativa é de que o BC volte a elevar a taxa de juros, atualmente em 14,25%, na reunião de 19 e 20 de janeiro, embora tenha crescido a preocupação de que os esforços do governo para enfrentar a recessão econômica poderiam levar o BC a evitar a alta.
Autor : VEJA | Fonte : VEJA