Perseguida desde a sua eleição, Dilma começa a depor no Senado. Do lado de fora, o povo saúda a presidenta e brada contra o golpe
Alvo das elites desde que foi eleita para seu segundo mandato na presidência da República do Brasil, em dia 26 de outubro de 2014, Dilma Rousseff (PT) é protagonista de uma data histórica para o País neste 29 de agosto. O depoimento da presidenta, que atravessará o dia de hoje, é parte do julgamento que pode culminar em um duro golpe contra a democracia brasileira.
Antes de entrar no Congresso, Dilma foi recebida por um grupo de mulheres que lhe deu flores. Em outro grupo, 30 pessoas de sua comitiva acompanharam a presidenta até o plenário. Entre eles, o presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, o cantor Chico Buarque e a atriz Letícia Sabatella.
O depoimento começou às 9h45. Do lado de fora, cada palavra dita por Dilma era acompanhada atentamente por ao menos mil pessoas. Uma hora antes, quando a comitiva da presidenta passou pelo local, os manifestantes agitaram suas bandeiras e se organizaram em gritos de apoio à petista.
Carmen Foro, vice-presidenta da CUT, visivelmente emocionada, falou sobre a data histórica. “Neste dia, nós brasileiros deveríamos refletir o que estamos fazendo com nosso País. Esse dia 29 de agosto ficará marcado em nossa história. Uma presidenta será julgada por um Senado sem moral. Se Dilma viesse aqui e ficasse calada, sua parte já estaria feita, mas, novamente, mostrou sua coragem e determinação no enfrentamento à esse golpe”, afirmou.
Apesar da emoção, Carmen lembrou que o caminho, independente do resultado do julgamento, seguirá sendo a rua. “A classe trabalhadora não sairá derrotada desse processo. Nós não voltaremos ao passado, não deixaremos que a classe trabalhadora trabalhe 80 horas por semana, não permitiremos o desemprego para a juventude, não aumentará a violência contra a mulher, e assim por diante. Essa é a missão da CUT no próximo período.”
A manifestação ao lado de fora do Senado, era majoritariamente formada por mulheres. Com flores e muitas faixas, lembravam os contornos sexistas que o golpe apresenta.
“Nós vivemos em um País patriarcal, em que a elite se sustentou durante séculos através da exploração da escravidão. Para essa elite, é um abuso termos eleito um presidente metalúrgico e termos colocado uma mulher na presidência. Nós somos abusados e por isso querem nos reprimir. Como mulher, eu não poderia ficar em casa hoje. Dilma nos passa uma mensagem de força e resistência que nos obriga a vir às ruas”, encerrou Carmen.
Fonte: CUT