Trabalhadores e trabalhadoras da Eletrobras Distribuição Rondônia e de outras seis distribuidoras do Acre, Amazonas, Piauí, Alagoas, Goias e Roraima irão paralisaram suas atividades nesta quarta-feira, 27 de janeiro de 2016. A paralização é em protesto a iniciativa do Ministério de Minas e Energia e do Governo Federal de privatizar as sete empresas de distribuição de energia que fazem parte do grupo Eletrobras. Convencidos de que ENERGIA NÃO É MERCADORIA, os eletricitários, apoiados por sete sindicatos das empresas em seus estados de origem, Centrais Sindicais, federações e movimentos sociais diversos, irão à luta contra a privatização.
A luta dos movimentos contra a privatização teve início logo após a Eletrobras convocar uma Assembleia Geral de acionista em 28/12/15 para aprovar a venda das sete distribuidoras que restaram do processo de privatização iniciada em 1997 durante o governo de FHC.
Após uma forte mobilização no inicio deste mês de janeiro, diversos representantes do movimento sindical e social foram recebidos pelo Ministro Chefe da Casa Civil, Jaques Wagner e pelo Ministro-Chefe da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini para deixar claro a posição do movimento em defesa das estatais e do fortalecimento das empresas como indutoras do desenvolvimento econômico e social em seus estados.
Por que o povo de Rondônia NÃO deve concordar e aceitar a privatização da Eletrobras Distribuição Rondônia?
Por que chegou a hora do Estado devolver ao povo de Rondônia a contrapartida pelo uso e exploração dos seus recursos naturais e públicos (impostos) investidos aqui para gerar e exportar energia para outros estados brasileiros. O povo de Rondônia merece modicidade tarifária e segurança energética e não, ser tratados como meros consumidores. Energia não é mercadoria.
Histórico e investimentos:
Quem chegou em Rondônia na década de 80 deve se lembrar bem da geração de energia a motor ( geração térmica). Quase todos os municípios do estado passaram pela experiência dos racionamentos, das manifestações e protestos por falta de energia, da população botando fogo na prefeitura de Cacoal e nos escritórios da Ceron em Pimenta Bueno e outros municípios. Os motores e geradores além de velhos, eram importados da Inglaterra e Canadá e quando quebravam, demoravam séculos para chegar peças.
Em 2010 o estado de Rondônia foi interligado a Sistema Elétrico Nacional e deixamos de ser o velho sistema isolado que só poderia gerar e consumir a energia que fossemos capazes de produzir com nossa própria força. Após esta interligação podemos enviar e receber energia de todas as fontes de geração espalhadas por este Brasil. Saímos da condição de mero consumidores para geradores e exportadores de energia elétrica.
Para que isso acontecesse, foram investidos bilhões de reais em construção de Hidrelétricas, Linhas de Transmissão e Distribuição, construção, reforma e ampliação de Subestações elevadoras e rebaixadora de tensão dentro e fora do nosso estado por meio do PAC – Plano de Aceleração do Crescimento e outras formas e fontes de financiamento.
Por meio do Programa Luz para Todos, forma investidos nos últimos 12 anos, mais de 497 milhões de reais levando energia e conforto a 71.800 domicílios rurais, diminuindo a exclusão elétrica no campo.
O fornecimento de energia em Rondônia conta com 27 usinas térmicas instaladas nos municípios de Machadinho do Oeste, Alvorada do Oeste, Buritis, e outros. 11 PCHs, além das hidrelétricas de Samuel, Eletro Primavera e UHE Rondon II, as últimas duas, construídas em Pimenta Bueno. Com entrada total da Usina de Santo Antônio no Rio Madeira com 50 turbinas instaladas e potencia total de 3.568 megawatts teremos energia suficiente para atender ao consumo de mais de 45 milhões de pessoas.
A missão do Governo Federal ainda não terminou por aqui. É a vez agora, de criar um PAC da distribuição. Interligar todos os municípios que ainda não desligaram suas usinas térmicas, reformar e ampliar as redes de distribuição, seccionando circuitos carregados e ampliando o número de transformadores, reduzindo tarifas e diminuindo as quedas de energia e de tensão.
A iniciativa privada não virá aqui para realizar esta tarefa, mas para explorar e sucatear o que já foi feito, a exemplo de vários estados onde já ocorreu a privatização e necessitou de intervenção da ANEEL como no caso de Mato Grosso, para assegurar o fornecimento de energia aos consumidores.
Autor : Joaquim Lopes – Secretário de Finanças Sindur | Fonte : Joaquim Lopes – Secretário de Finanças Sindur