Alguns “gatos pingados” foram recentemente às ruas de Porto Velho para protestar contra o aumento de mais de 25 por cento na conta de energia elétrica em Rondônia. Muitos políticos oportunistas também estavam lá fazendo discursos zangados contra a Energisa e a Aneel, a estatal que cuida do setor energético. Falas raivosas e cheias de emoção contaminaram o insólito ambiente. Aplausos e mais aplausos ecoavam cada vez que alguém falava. Só que aquele “circo dos horrores” não passou de uma encenação patética, ridícula, sem sentido e totalmente fora de hora e de propósito. Se realmente a classe política local e algumas pessoas daqui estão contra esse aumento que eles consideram abusivo, por que permitiram que a antiga Ceron, as Centrais Elétricas de Rondônia, fosse privatizada por um dos menores preços do mercado?
Dava até pena quando os sindicalistas e alguns funcionários saíam às ruas para protestar contra a iminente privatização da empresa. Eram ridicularizados pelas pessoas e acusados de não quererem trabalhar. “Bando de preguiçosose arruaceiros” era o falatório que mais se ouvia. “Tem que privatizar mesmo, só assim ela funcionará melhor”, diziam todos de peito estufado. O consumidor rondoniense sempre desdenhou dos trabalhadores e dos sindicalistas. E muitos dos atuais políticos sequer saíam de seus afazeres para defender quem quer que fosse. A Ceron foi privatizada e vendida a preço de banana (50 mil reais) sem que houvesse no momento uma só voz a se levantar contra este absurdo. Agora, depois que o leite está derramado e a desgraça já instalada, querem protestar e mostrar serviço dizendo que estão ao lado de toda a população sofrida.
Tarde demais. A classe política covardemente deixou que mais este patrimônio dos rondonienses fosse “doado” a forasteiros. Votaram em massa no Bolsonaro e na sua trupe mesmo sabendo que a “privataria” vai continuar sem freios. Caerd, Porto, aeroporto, estádio, BR-364, BR-319, ponte sobre o rio Madeira e até o próprio Estado de Rondônia pode ser dado de graça para quem é de fora. Com o falido BERON foi assim, gerando uma dívida absurda e eterna que pagamos até hoje. E o que os rondonienses ganharam com isso? Nada. No caso das hidrelétricas do rio Madeira, que segundo seus sábios técnicos “nem Deus as arrebenta”, o saldo que ficou foi só de desgraças, caos social e infortúnios. Estupraram o meio ambiente de Rondônia e o presente que ficou para grande parte da capital foi “viver sob a espada de Dámocles”.
Os rondonienses de um modo geral são explorados, estuprados, enganados, roubados, vilipendiados e nada fazem. Não resistem contra o opressor. Não esboçam qualquer reação contra a destruição de seu meio ambiente, por exemplo. Por isso, este “aumentozinho” nas contas de energia elétrica é apenas mais uma face da patifaria a que nos acostumaram. Rondônia nunca foi governada por um legítimo filho da terra. Sua fedorenta e suja capital nunca foi administrada por um rondoniense. Os melhores empregos são dados aos forâneos. Então, essa conta é nossa, sim! Temos que pagá-la sem esboçar um pio. E vem mais aumento por aí. Não entendo o porquê da chiadeira: “ganhamos” um Shopping Center para os nossos jovens, “ganhamos” uma linda ponte, “ganhamos” viadutos, “ganhamos” uma excelente passarela para fazermos “fotinhas”, “ganhamos” um lindo aeroporto internacional. Povo feliz, reclamando de barriga cheia.
Autor / Fonte: Professor Nazareno